domingo, 24 de janeiro de 2016

Amores eletrônicos

Cada vez me convenço mais, o que nossos corações românticos querem é a narrativa do amor, afinal não foram as narrativas artísticas, os livros, poemas e poesias de amor, a música e os filmes que nos alimentaram de toda a baboseira do amor romântico?
Os encontros carnais são, muitas vezes, fugazes e superficiais, onde a troca é apenas de fluidos, não há intimidade, nem nada e saímos dele ainda mais vazios. Quantas vezes o tempo que o outro, heroicamente, nos presenteia não passa de uma masturbação acompanhada?
Enquanto isso, nesses encontros via internet, nossa imaginação, essa sonhadora, preenche as lacunas das diferenças de língua e cultura, dos hiatos da comunicação, e ao contrário do que os filósofos da pós modernidade gostam de afirmar, a solidão existencial pode ser preenchida sim. O que vou dizer pode ser polêmico, mas acho que existe uma supervalorização dos encontros físicos nos discursos anti-virtual. 
Eu, romântica, estou a espera da minha inteligência artificial pessoal para preencher todo o vazio criado pela cultura do romantismo porque não há ser humano que o preencha. Enquanto isso, continuo tendo família, filho, filhos postiços, amigos, sobrinhos e os desconhecidos que aparecerem porque quem não me conhece, ao ler esse texto, pode achar que sou fria e cheia de não me toques, mas quem conhece a figura sabe que sou carinhosa, afetiva, gosto de tocar e trocar. Apenas acho que só uma pessoa pode suprir toda minha fome de amor romântico, eu mesma ou um algortimo feito especialmente pra mim. Acho que é até injusto com outro ser humano que eu espere isso dele, já tentei e num foi gostoso não.

ps: eu poderia ter digitado essa frase da foto abaixo ontem a noite, antes de cair no sono. ‪#‎tinderello‬
“The theme of an e-generation with their e-relationships interests me a lot. Time and space shrinks, you feel that the person across the ocean is closer to you than a person who is right next to you” – Nadia Bedzhanova

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