segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Ela







Ela fechou os olhos e depois abriu mas nunca mais nem respondeu pessoa.

Atestaram choque.

Por dentro ela sabia que nada tinha mudado e apenas desistira. Eliminou toda conexão com outros seres mamíferos como ela.

Foi assim, um dia ela sentou, olhou o céu, suspirou e nunca mais pronunciou palavra. Daí aos poucos seus ouvidos ficaram surdos. Ela não falava nem ouvia. O olhar fixo ao nada lhe trouxe a dádiva da cegueira.

Por último sentido a pele, a brisa soprando seus poros o frio arrepiando seus pelos o deslizar do suor pelas suas nádegas.

De pronto começaram a sacudir, empurrar, carregar o corpo teso em relutância e doía. Ela soltou os músculos lânguida escorregadia e as pernas dormiram. A câimbra contraia os espamos até que a pele também se desconectou


Ela berrou. Curto seco
Gemeu. Ela grunhiu.
Urrou até virar fiapo de voz.
Nada sentia ela.
Fim
Nada

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